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11 outubro, 2015

Feiras de publicações se expandem com criação de biblioteca e oferecem oficinas na Galeria 4y25, sobreloja 74 do Edifício Maletta

EFERVESCÊNCIA

Literatura e arte independente em circuito próprio 

Feiras de publicações se expandem com criação de biblioteca e oferecem oficinas na Galeria 4y25, sobreloja 74 do Edifício Maletta

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PUBLICADO EM 11/10/15 - 03h00
Há cinco anos, o quadrinista Jão lembra que a sina da maioria das publicações independentes de Belo Horizonte era ficar engavetada, à mercê de convites do aguardado Festival Internacional de Quadrinho (FIQ), realizado a cada dois anos na cidade. “Nessa época só tinha o FIQ. Era um evento muito legal para vender bem o seu trabalho, só que entre um festival e outro, as coisas ficavam paradas, sem ter onde divulgar, sem ter público”, analisa o artista. Hoje, porém, as gavetas começam a se esvaziar. É que em um contemporâneo cenário de efervescência, a capital vai inaugurar neste ano a primeira biblioteca de publicações independentes, no edifício Maletta, impulsionada pelo crescimento de feiras cada vez mais elaboradas.
Se entre 2007 e 2009 começaram a acontecer movimentos dispersos em feiras esporádicas, no Mercado Novo e no viaduto Santa Tereza, por exemplo, hoje, pelo menos cinco feiras voltadas a essas publicações têm ganhado espaço, público e reconhecimento (veja quadro ao lado). Entre elas, chamaram atenção as primeiras edições da Feira de Publicações e Artes Gráficas do Museu Mineiro, Feira de Publicações Independentes do Galpão Cine Horto e Feira Elástica – todas realizadas em caráter inédito, neste ano, e com pretensão de acontecerem anualmente.
Entre as pioneiras desse nicho está a Faísca – Mercado Gráfico, a primeira feira periódica da cidade, idealizada por Jão em parceria com a Pulo Comunicação. Em cinco meses de atividade, eles foram convidados para integrar o FIQ 2015, entre os dias 11 e 15 de novembro, depois de uma mudança brusca no cotidiano da cidade.

É que desde a inauguração da Faísca, em junho deste ano, todo terceiro sábado do mês é dia certo para reunir nada menos do que 45 expositores no Espaço BDMG Cultural, entre 11h e 17h. “Começamos fazendo convites às pessoas porque a gente não tinha noção de todo mundo que estava envolvido nesse mercado. Se na primeira edição tivemos 20 inscritos, na segunda recebemos 60 propostas. Agora, fechamos em 45 e temos conseguido incluir todos. Nosso principal critério é variabilidade, dando um panorama do mercado gráfico em BH, como gravura, literatura, quadrinhos, inserção de fotografias”, diz Helen Murta, da Pulo Comunicação.
No mesmo rumo, a Feira Elástica de Publicações Independentes, organizada pelos coletivos Polvilho Edições, QuartoAmado, Memorial Batista, A Zica e 4y25, levou ao edifício Maletta uma pluralidade tão grande de trabalhos artísticos, como zines, livros e cadernos artesanais, que os coletivos decidiram criar a primeira biblioteca de publicações independentes.
Com cerca de cem obras armazenadas por enquanto, a livraria e galeria de arte 4y25 pretende inaugurar a biblioteca na primeira semana de novembro. “Vamos digitalizar todos os materiais que forem doados pelos artistas. Assim, quem vier aqui pode copiar o que quiser num pendrive de graça. Temos uma máquina de xerox também para quem quiser copiar a publicação e espalhar ainda mais os materiais. Teremos oficinas também de materiais e de encadernação”, diz Matheus Dutra, integrante do Coletivo 4y25.
EDITORAS. Além das publicações artesanais, algumas editoras pequenas da capital também enxergaram nas feiras independentes uma maneira de aumentar a visibilidade, chegando até as grandes livrarias, mas sem se render a elas.
É o caso de María Nassif, que abriu a Relicário Edições há dois anos, publicando livros acadêmicos e de poesia. Para ela, apesar de as editoras ficarem com 40% a 50% do valor do livro, a livraria serve como um rótulo de credibilidade. “Muitos dos livros que encontramos são, por acaso, em uma livraria. Mas, se não fossem as feiras e os pedidos que recebemos, claro que eu não estaria fazendo o que faço”, diz a editora.
A Nandyala Livros, especializada em temáticas étnico- raciais e questões de gênero, publica uma média de 1,2 livros por mês, e até conseguiu ter autores à venda em grandes livrarias como Leitura, Travessa e Cultura, a exemplo de autores como Conceição Evaristo e Pedro Matos, e um dos principais títulos, “Fela Kuti – Esta Vida Puta”, de Carlos Moore.
Mesmo assim, a forma que a editora encontrou para ter representatividade foi inaugurando, em 2012, a Festa Literária de Expressões Indígenas, Africanas e Afro-brasileiras (FliAfro) – que alterna edições em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. “Em grande parte das festas literárias, não há participação de escritores negros nem de escritores indígenas. Por isso, criamos essa, que terá a próxima edição no Rio, ainda este ano”, adianta Íris Amâncio, proprietária da Nandyala.
A empreitada deu tão certo que a editora vai relançar neste ano algumas obras esgotadas, como “A África que Incomoda” e “O Marxismo e a Questão Racial”, do cubano Carlos Moore.

APRENDA


Quem quer começar a produzir publicações independentes pode procurar informações sobre oficinas na Galeria 4y25, sobreloja 74 do Edifício Maletta (avenida Augusto de Lima, 233, centro).

Feiras de Publicações Independentes

Faísca – Mercado Gráfico
Onde. Espaço BDMG (rua da Bahia, 1.600, Lourdes).
Quando. Terceiro sábado do mês, entre 11h e 17h.
Atrativos. Espaço de desenho para crianças e oficinas de publicações.

Feira Elástica
Onde.4y25 (sobreloja 74 do edifício Maletta).
Quando. A primeira edição aconteceu em 17 de maio. Ainda não há data para a próxima feira.
Atrativos. Debates, oficinas e uma biblioteca.

Feira do Museu Mineiro
Onde. Museu Mineiro (avenida João Pinheiro, 342, centro)
Quando. A primeira foi em 17 de julho e a próxima deve acontecer em 2016.
Atrativos. Mostra de filmes sobre as publicações.

Feira do Teatro Espanca
Onde. Teatro Espanca! (rua Araão Reis, 542, centro)
Quando. A primeira aconteceu em 18 de abril. Sem previsão para outra.
Atrativos. Bate-papos, troca de livros e shows.

Variedades Literárias
Onde. Galpão Cine Horto (rua Pintagui, 3.613, Horto)
Quando. A primeira foi entre 16 e 22 de junho. Sem previsão para outra.
Atrativos. Debates, oficinas de dramaturgia e leituras dramáticas comentadas.

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